Se as pessoas soubessem o que aconteceu...
Parte 1 sobre o texto da Invasão ao Capitólio Americano
O primeiro Insight de 2021. O ano mal começou e no sexto dia do ano vivenciamos um momento histórico, a invasão ao Capitólio Americano. O texto dessa semana vai olhar para este momento, mas fazendo jus ao apelo de tecnologia da newsletter, vamos olhar como a tecnologia e as empresas big tech fizeram parte deste dia e do mundo após a invasão. Devido à magnitude e importância do evento o texto virá em dois posts.
Hoje:
O que aconteceu?
Qual era o objetivo?
No final de semana:
Para onde vamos depois disso e o que tech tem com isso?
Resumo do Mercado em meio ao caos- O mercado ignorou quarta-feira e fez o que faz desde abril de 2020: subiu. Ações industriais e de bens de consumo ganharam força com a eleição dos dois democratas no segundo turno das eleições no estado da Geórgia, no dia cinco. O resultado dividiu o senado que conta com 50 senadores Republicanos e 50 Democratas. Como o voto de Minerva será da vice-presidente Kamala Harris, as chances do governo americano, Democrata no congresso, senado e Casa Branca, aprovar um pacote fiscal amplo e programas de estímulos mais generosos aumentaram. Essa perspectiva animou o investidor, apesar de um aumento nas alíquotas de impostos tanto de pessoa física quanto jurídica serem quase certeiras.
No Brasil, o Ibov passou dos 120 mil pontos ignorando que não temos sequer uma pessoa vacinada nem um plano de vacinação. A saída da Ford do Brasil acendeu o sinal de emergência para o governo e a necessidade de aprovar as reformas estruturais.
Se as pessoas soubessem o que aconteceu em Washington D.C, ficariam enojadas
Talvez, isso explique a razão da congressista Nancy ter declarado a seguinte frase: "Se as pessoas soubessem o que aconteceu no Capitólio, ficariam enojadas". Todos os americanos ficaram chocados e tristes por terem perdido a sessão especial do congresso, em Washington. Não deveriam. O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos.
Ok, piadinha a parte (entenda aqui se você não entendeu), a coisa foi feia na última quarta-feira, dia 6.
Vocês lembram lá em outubro quando eu disse que as eleições americanas são confusas, com diversos dias que poderiam virar caóticos? Bom, o caos chegou. Ou melhor, o caos se intensificou.
Recap dos ocorridos antes do dia 6: As eleições foram realizadas no dia 3 de novembro. Certos estados (a maioria) permitem que as pessoas votem por correio antes deste dia, o que levou a uma demora para apuração dos resultados. Após aproximadamente uma semana a apuração estava resolvida em todos os estados (menos a Geórgia que foi para recontagem), apontando Biden para ser o próximo presidente. A campanha eleitoral de Trump entrou com processos em diferentes estados e seus respectivos sistemas eleitorais por fraude, pediu recontagem dos votos em Wisconsin e na Geórgia e durante todo este tempo alegou que as eleições foram fraudadas. O dia 14 de dezembro foi o prazo para certificação dos votos pelas 50 diferentes assembleias estaduais e apesar de mais de 50 processos pela campanha de Trump terem sido protocolados na justiça o prazo foi respeitado. Os processos de Trump foram rejeitados pela justiça (inclusive na suprema corte) por falta de fundamento. Trump, seus apoiadores nas redes sociais, e a mídia favorável ao presidente (Fox News, Newsmax, OANN) seguiram pondo lenha na fogueira de que as eleições foram roubadas.
Na manhã do dia 6, Trump (discurso completo) e seu advogado pessoal Rudy Giuliani deram discursos inflamados em frente à Casa Branca. Trump disse aos manifestantes “precisamos disso de volta (as eleições) se não a pessoa lá (na Casa branca) vai destruir o nosso país (....) vamos caminhar pra lá (Capitólio) e apoiar os nossos (políticos) e os que não estiverem conosco não apoiamos porque não conquistamos o país com fraqueza” e Giuliani pediu “Julgamento por combate para resolver as eleições” (nota do editor: ??????).
Trump também pediu que Mike Pence, o vice-presidente dos EUA e o responsável pela certificação dos votos, declare Trump como vencedor. Pence divulgou em carta aberta que seguiria a constituição e a noção de que ele poderia mudar o resultado da eleição era absurda.
As palavras dos discursos são bastante inflamatórias e colocavam pressão para que Republicanos do legislativo seguissem Trump, não a constituição. Existe um efeito psicológico chamado “gang mentality”, onde grupos de pessoas se incentivam para comportamentos destrutivos que não praticariam estando à sós. Trump pediu que seus apoiadores “marchem em direção ao Capitólio para salvar a América", e para as pessoas no comício as palavras foram a faísca que levou à barbárie.
Os apoiadores de Trump cercaram o Capitólio e os policiais posicionados não puderam manter o perímetro. A sessão foi interrompida com a invasão do prédio, colocando a vida de policiais, políticos, burocratas que trabalham no complexo e dos próprios manifestantes em risco.
O estrago foi gigante. Vidros quebrados, sessão ordinária para contagem dos votos interrompida, congressistas e senadores sendo evacuados. As fotos são um verdadeiro desastre. Os EUA, que tanto se orgulham de ser a democracia mais forte do mundo, teve seu Capitólio vandalizado. Foi a primeira vez desde a Guerra de 1812 que o prédio sofreu uma ataque e foi a primeira vez que uma bandeira separatista confederada esteve dentro Capitólio.
Confira fotos.
A invasão culminou com a morte de 5 indivíduos: 1 policial e 4 manifestantes.
Mesmo após a invasão, motivados pelo discurso de Trump e motivações pessoais, um total de 147 congressistas e 7 senadores votaram contra a certificação dos votos nos estados do Arizona, Pennsylvania, ou ambos. Alegando irregularidades e uma necessidade de colocar o processo “sob uma lupa”. Esses políticos sabem que Trump está com os dias contados mas querem se posicionar como o futuro do movimento nacionalista e ser o “novo Trump”.
Nota: É engraçado como eles falam que as eleições foram roubadas mas nenhum deles opõe o fato de que eles foram eleitos neste mesmo processo. Só o voto contra Trump foi roubado? Só nos estados que ele perdeu? O voto para congressistas não são legítimos? Tudo foi roubado e eles estão usurpando o poder? É um malabarismo mental…
Qual era o plano e objetivo dessas pessoas?
A verdade é que talvez nós nunca saberemos a verdadeira motivação por trás disso. O que sabemos é que a polícia não estava preparada e que os pedidos de auxílio e reforços só chegaram horas após a invasão, quando o pior já tinha passado.
Há também fortes críticas sobre o contraste de como a polícia se preparou para esse protesto, que já estava marcado, e como se preparou para protestos em julho organizados por ativistas sociais pedindo igualdade racial. A falta de seriedade na preparação para este protesto se dá pela ausência das tropas de choque, drones de vigilância e helicópteros de polícia que foram usados em julho, fazendo com que as pessoas questionem o porquê da diferença.
As mentiras do presidente causaram a invasão.
Muito se discute sobre o peso das redes sociais no mudo real e na quarta vimos o que acontece quando o pior das redes vai pro mundo real. A economia da atenção, onde há excesso de dados e de plataformas e o onde o tempo das pessoas é a commodity em escasso o poder reside em quem consegue atrair atenção e influença para si e comandar narrativa em meio ao mar de informações.
No mundo em que atenção é poder, o que vimos na quarta pode ser considerado uma manifestação cujo objetivo final era ser uma manifestação. Ninguém imaginou que em um dia essa invasão acabaria com o governo americano ou a futura administração Biden, más ela deslegitimiza a autoridade do governo federal. Ela permite que esse grupo de pessoas permaneça em um mundo da fantasia com uma narrativa compartilhada de que estão vivendo sob um governo ilegítimo, onde Trump é um salvador da pátria que foi posto de lado por um “deep state” e que eles devem salvar a nação. Esses invasores garantiram que sua narrativa seja perpetuada, vindicando-a em forma de medo e horror para a sociedade e de motivação e mito de fundação para o movimento radical-nacionalista nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, algumas imagens e atitudes sugerem que algo ainda pior pode ter acontecido. Os policiais do Capitólio relatam como um dos grupos de manifestantes tinham máscaras, granadas de efeito moral, armas brancas e armas de fogo, o que mostra um nível um pouco maior de articulação e talvez intenções mais perversas. Por exemplo, este invasor que foi preso tinha algemas e uma arma. Será que ele planejava fazer políticos de refém? Mensagens no Twitter, Facebook e Parler indicam que alguns invasores, pelo menos no mundo virtual, planejavam sequestrar ou matar o vice-presidente e os Democratas para impedir a certificação dos votos.
O policial Eugene Goodman, foi a provável razão pela qual os manifestantes não se encontraram com os senadores. Confira no vídeo (37 segundos) quando ele olha pra trás e percebe que a porta da assembleia onde os senadores estão reunidos ainda está aberta. Ele empurra um dos invasores para irritá-lo e distraí-lo, levando o grupo para outro local. Isso permitiu que os seguranças trancassem o salão para proteger os senadores. O que poderia ter acontecido caso ele não estivesse lá?
Esses grupos mais violentos tiveram algum tipo de coordenação? Alguém do governo participou disso? O FBI e outras agências estão investigando essa possibilidade. Até o momento 160 já foram presos e 12 polícias do Capitólio estão sendo investigados como cúmplices.
O que vem depois?
Na próxima parte desse texto veremos o que aconteceu desde o dia 6 e como a política do futuro estará ainda mais relacionada com as empresas de tech. Fique ligado!
Conversa de Bar
Clube dos 12 dígitos
Com a disparada das ações da Tesla, Elon Musk se tornou o homem mais rico do mundo. O CEO da Tesla e da SpaceX chegou a uma fortuna pessoal de $194.8 bilhões, passando Jeff Bezos, da Amazon. Os dois estão se alternando no topo com o movimento das ações nesta semana.
(Ao contrário do que dizem por aí, da lista dos 10 mais ricos do mundo nenhum herdou o negócio que os colocou na lista)
Mackenzie Scott, que foi casada com Jeff Bezos por mais de 20 anos, fez uma das maiores doações já registradas. Ela distribuiu $4.2 bilhões para 400 organizações diferentes. Parabéns pela iniciativa.
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O Insight é meramente informativo, não configurando como relatório de análise nem como recomendação de investimento.
Trump saindo pela porta dos fundos ...
Parabéns, adoro a forma que você descreve os acontecimentos